FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!
Por DJALMA LEANDRO(Doutorando-UCA/AR-2012)
Transcrevo um poema de NEIMAR DE BARROS intitulado DEUS NEGRO, não só pelo brilhantismo que encerra, como também por sua historia de vida, pois como ATEU convicto, aceitou o desafio de participar de um “Cursilio” promovido pela Igreja Católica, pois dizia que só acreditava no que podia ver, e ao chegar na “capela” algo o fez ajoelhar-se e uma grande emoção o tomou naquela hora, dando início a sua conversão se consagrando escritor.


Eu, detestando pretos,
Eu, sem coração!
Eu, perdido num coreto,
Gritando: "Separação"!
Eu, você, nós...nós todos,
cheios de preconceitos,
fugindo como se eles carregassem lodo,
lodo na cor...
E, com petulância, arrogância,
afastando a pele irmã.
Mas,
estou pensando agora,
e quando chegar minha hora ?
Meu Deus, se eu morresse amanhã, de manhã?
Numa viagem esquisita, entre nuvens feias e bonitas,
se eu chegasse lá e um porteiro manco,
como os aleijados que eu gozei, viesse abrir a porta,
e eu reparasse em sua vista torta, igual àquela que eu critiquei?
Se a sua mão tateasse pelo trinco,
como as mãos do cego que não ajudei ?
Se a porta rangesse, chorando os choros que provoquei ?
Se uma criança me tomasse pela mão,
criança como aquela que não embalei,
e me levasse por um corredor florido, colorido,
como as flores que eu jamais dei ?
Se eu sentisse o chão frio,
como o dos presídios que não visitei ?
Se eu visse as paredes caindo,
como as das creches e asilos que não ajudei ?
E se a criança tirasse corpos do caminho,
corpos que eu não levantei
dando desculpas de que eram bêbados, mas eram epiléticos,
que era vagabundagem, mas era fome?
Meu Deus !
Agora me assusta pronunciar seu nome .
E se mais para a frente a criança cobrisse o corpo nu,
da prostituta que eu usei,
ou do moribundo que não olhei,
ou da velha que não respeitei,
ou da mãe que não amei ?
Corpo de alguém exposto, jogado por minha causa,
porque não estendi a mão, porque no amor fiz pausa e dei,
sei lá, só dei desgosto?
E, no fim do corredor, o início da decepção .
Que raiva, que desespero,
se visse o mecânico, o operário, aquele vizinho,
o maldito funcionário, e até, até o padeiro,
todos sorrindo não sei de quê?
Ah! Sei sim, riem da minha decepção.
Deus não está vestido de ouro. Mas como?
Está num simples trono.
Simples como não fui, humilde como não sou.
Deus decepção .
Deus na cor que eu não queria,
Deus cara a cara, face a face,
sem aquela imponente classe.
Deus simples! Deus negro !
Deus negro?
E Eu...
Racista, egoísta. E agora ?
Na terra só persegui os pretos,
não aluguei casa, não apertei a mão.
Meu Deus você é negro, que desilusão!
Será que vai me dar uma morada?
Será que vai apertar minha mão? Que nada .
Meu Deus você é negro, que decepção!
Não dei emprego, virei o rosto. E agora?
Será que vai me dar um canto, vai me cobrir com seu manto?
Ou vai me virar o rosto no embalo da bofetada que dei?
Deus, eu não podia adivinhar.
Por que você se fez assim?
Por que se fez preto, preto como o engraxate,
aquele que expulsei da frente de casa?
Deus, pregaram você na cruz
e você me pregou uma peça.
Eu me esforcei à beça em tantas coisas,
e cheguei até a pensar em amor,
Mas nunca,
nunca pensei em adivinhar sua cor.
Neimar de Barros
Embora seja o tempo uno, o homem o fracionou, seja pela influência dos segmentos religiosos, seja pelo incentivo ao consumo ou para atender aos anseios pessoais, ganhando notoriedade pelas grandes descobertas, e também pelo crescimento de acesso aos meios tecnológicos, e a melhor aplicação e uso das tão propaladas “redes sociais”, entretanto, ainda que tenha havido modificação decorrente da própria evolução e conhecimento da humanidade, remanesce o sentido primário de reunião da família, reflexão, trocas de amabilidades (ainda que forçada, hipócrita ou por força do grupo social), e as necessárias promessas que o “bom velhinho” nos dê sua benção ou encha nossos corações com esperanças de um dia melhor. A questão é saber o que é melhor para cada um de nós! Será melhor saúde (mesmo que não tenhamos um limite para nossos excessos na comida, na bebida, no exagero do consumo em geral), será melhor emprego (mesmo que o fazemos não nos traga a recompensa necessária para nos sentirmos agraciados) seja lá o que objetivamos, sempre queremos o “melhor”, e sempre por mais simples que seja “pensamos” no próximo ainda que seja por um só dia, um só momento! Mas já é alguma coisa. O ideal seria que fizéssemos esta reflexão, esta entrega diariamente, mas apesar dos apelos do “comércio” para movimentar as “vendas” impulsionando o “consumo” resta um resquício da lendária figura do PAPAI NOEL, que hoje veste vermelho, usa “gorro” e barba branca (lembrando que esta imagem e vestimenta ganhou notoriedade por uma campanha publicitária da empresa “coca-cola”) tomando definitivamente o lugar doverdadeiro Papai Noel que foi uma pessoa de carne e osso, mais precisamente São Nicolau Taumaturgo – um arcebispo turco. São Nicolau costumava ajudar pessoas pobres da cidade de Mira colocando moedas de ouro nas chaminés de suas casas durante a época de Natal. Mais tarde, diversos milagres foram atribuídos a São Nicolau, fazendo-o por se tornar santo. Sua imagem como símbolo natalino teve origem na Alemanha, e de lá se espalhou para mundo inteiro.
Seja certo ou errado, comercial ou não, havendo mudanças substanciais nas vestimentas, o importante é que a tradição continua e se perpetua, mesmo que nossas crianças de hoje, não respeitem os adultos, ou acreditem que estes possam lhe acrescentar alguma coisa, mais quem não se apieda, se curva, socorra ou se movimente para salvar, ajudar ou cuidar de uma “criança”? Fazemos isto institivamente, mas o próposito verdadeiro do Natal é justamente este o “amor incondicional”. Então, cada um de nós temos a oportunidade de mais uma vez renovar nossos sentimentos mais profundos, e não esperar o ANO NOVO, para que possamos traçar planos, metas, fazermos “simpatias” comermos isto ou aquilo pela tradição consumerista, pois o tempo é uno, nós existimos ainda que vire o calendário, e as mudanças podem ser feitas dentro de nós, neste exato momento, é simples, basta querermos, pois temos uma vida para viver entre nascer e morrer (texto deste autor VIVENDO NO INTERVALO).
Desejo a todos uma excelente reflexão, e que o espirito natalino encha seus lares e entes queridos de alegria, e abundância para que possam no ANO NOVO renovar as esperanças e o gozar da plena felicidade com a realizações de seus planos, projetos e ganhos. FELIZ NATAL E UM ANO NOVO PROSPERO A TODOS.
Djalma Leandro e equipe.